O gerente de marketing Jon Holtzman chegou a pressionar executivos da Apple para que priorizassem a aparição de produtos da Apple no cinema, mas quando computadores foram emprestados para os estúdios, o logotipo da maçã nos Powerbooks da época apareciam de cabeça para baixo quando posicionados diante das câmeras.
O problema para o gerente de marketing da Apple é que esta foi uma decisão consciente, então ele teve que colocar adesivos que mostravam o logotipo da maneira certa por cima do que vinha originalmente de fábrica nos Powerbooks.
Holtzman mais uma vez exigiu que a empresa consertasse o "erro", o que não aconteceu até 1997 - quando Steve Jobs retornou à empresa e o problema foi corrigido para sempre.
Após o editorial do Bloomberg, um ex-funcionário da Apple, Joe Moreno, apresentou mais insights sobre o que poderia ter acontecido na época. Ele publicou em seu blog que, há mais de uma década atrás, as equipes de design da Apple discutiam o posicionamento do logo nos notebooks da empresa. E muitos funcionários questionaram: "por que o logo da Apple fica de cabeça pra baixo quando o laptop é aberto?".
"Nos disseram que o grupo de design da Apple, que leva a questão humana das interfaces muito a sério, estudou o posicionamento do logo e descobriu um problema. Eles perceberam que o logo ficaria de cabeça para baixo quando o notebook fosse aberto, mas ao contrário, ficaria de cabeça para baixo do ponto de vista do usuário (as pessoas que usam notebook mais recentes da Apple verão que o logotipo da maça fica de cabeça para baixo no ponto de vista delas quando o computador é fechado).", contou Moreno.
E acrescentou: "O time de design também notou que os usuários constantemente tentavam abrir o laptop pelo lado errado devido ao posicionamento do logo. Steve Jobs sempre teve foco em propiciar a melhor experiência possível ao usuário e acreditava que isso era mais importante do que satisfazer a quem olhava tudo fora". Obviamente, alguns anos depois, Jobs reconsiderou sua posição sobre o assunto.
Moreno cita o seriado Sex & The City como um dos mais óbvios exemplos do logo da maçã de cabeça para baixo.
O ex-publicitário da Apple, Ken Segall publicou na internet um texto similar ao de Moreno no final do ano passado, com o título O Pensamento de Cabeça para Baixo da Apple, no qual reconhece que a Apple "cometeu alguns tropeços".
Ele relembrou de uma vez, durante uma reunião com Jobs em sua agência, na qual o co-fundador da Apple pediu um conselho no que considerava "um dilema": o que era mais importante - colocar o logo na orientação correta em relação ao proprietário do Powerbook, antes que este abrisse a máquina, ou deixar ele na posição certa para o resto do mundo quando a computador estivesse em uso?
Hoje em dia a resposta parece bastante óbvia. Qualquer laptop na face da terra tem um logotipo orientado para a posição que a máquina fica quando é aberta. Mas há algum tempo atrás, isso não era tão evidente, provavelmente porque não havia a "onipresença" atual dos notebooks.
No caso da Apple, a maçã permaneceu virada até o desenvolvimento dos últimos modelos do Powerbook, quando Jobs finalmente decidiu voltar atrás em sua decisão. Então quando se vê alguém usando um laptop com uma maça brilhando por trás da tela, parece que foi sempre assim, mas não é o caso.
Tanto Segall quanto Moreno lembram deste período de forma confusa. "Tentar abrir um laptop pelo lado errado é um problema auto-corrigível que dura, em média, alguns poucos segundos. Entretanto, visualizar um logo de cabeça para baixo é um problema que dura indefinidamente", concluiu Moreno em seu blog.
"Olhando para trás, chega a parecer inacreditável que algo tão errado poderia ter parecido certo. Que Steve Jobs tenha sempre lutado com esta decisão só prova uma coisa: estar certo, em retrospecto, é muito mais fácil que (sic) estar certo em tempo real ", opinou Segall.
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